segunda-feira, 27 de junho de 2016

RELATO 15 - JOSÉ SEVERINO


Em 1963, morava na Cidade de São Paulo, estava desempregado, sem dinheiro, muito doente. 

Mas, o burburinho popular, espalhava a existência de um curandeiro, que acabei indo procurá-lo; e foi por informação de um senhor que me ensinou o caminho. 

Eu cheguei ao local, tinha uma fila imensa, que daria numa mesinha, onde uma garota morena, aparentando 16, 17 anos, cobrava “CR$ 5.00”. 

Ela dava um papelzinho amarelo, com um número da sala da consulta e a gente passava para outra fila para aguardar o atendimento. 

Depois de muito esperar, eu ouvi chamar o meu nome e o número da sala que estava no papel para eu ser atendido. 

A voz vinha de um prédio, parecido com um Colégio, que ficava lá embaixo dentro de um buraco, que para chegar lá tinha de descer uma rampa bem íngreme.
Naquele instante eu fiquei sem entender! 

Como poderia alguém saber o meu nome naquele prédio, se a moça estava sozinha, não tinha ninguém para levar nada para dentro do prédio, mesmo porque ela não perguntou o meu nome, eu não preenchi ficha nenhuma, como alguém saberia o meu nome lá embaixo, se naquele tempo não existia computador para se comunicar à distância? 

Até porque, a mesinha dela media no máximo sessenta centímetros quadrados e ela só tinha uma caneta na mão e um pacotinho de papel amarelo, de mais ou menos cinco centímetros quadrados em cima da mesa. 

Mas, ansioso para ser atendido, esqueci as minhas interrogações e desci. 

Quando eu cheguei lá embaixo, o prédio tinha um corredor muito comprido, que o dividia em duas alas e com muitos consultórios de um lado e de outro, de modo que eram muitos atendentes. 

A minha sala era uma das primeiras do corredor e um homem moreno, alto, com um pano branco amarrado na testa, com um charuto na boca, veio ao meu encontro e me perguntou: 
Você é o José Severino? 

Antes que eu respondesse, ali mesmo do lado de fora do consultório, ele me pegou pelo queixo com uma mão e com a outra me enfiou o charuto no meu nariz com toda força, nas duas narinas, que eu senti até o cheiro de queimado dos pelos do meu nariz. 

Não fez mais nada, não me perguntou o que eu sentia só me falou: passa lá na mesa, a moça que te atendeu vai dar a receita das ervas para você fazer os chás, vai ficar bom. 

Falou isso e ficou me olhando e eu olhando para ele por certo tempo, que eu nunca esqueci nem um detalhe da fisionomia daquele homem. 

E novamente eu me vi de volta às minhas indagações! 

Como aquela moça lá em cima, poderia saber o que eu tinha, para me dar a receita, uma vez que ela estava tão longe e ele não tinha como se comunicar com ela? 

Eu despedi dele meio desconfiado e fui à mesa da moça. 

Eu cheguei lá. Sem parar de atender a fila e sem que eu falasse nada, ela já estendeu a mão, pegou um papel em cima da mesa e me deu: ali estava o meu nome, o nome das ervas e como fazer o chá. 

Eu fui embora tão encabulado com aquilo tudo, que eu não comprei erva nenhuma e nem tomei chá nenhum; 

Na semana seguinte eu arrumei um emprego e esqueci as doenças. 

Mas, aquele quadro nunca mais saiu da minha mente com todos os detalhes: aquela fila, aquela moça, aquele papel com o número da sala, aquela receita, aquele prédio, aquele homem. 

O prédio estava num lugar, como se fizesse uma escavação muito profunda, com rampas em volta e o construísse lá dentro. 

O tempo passava e sempre aquela imagem na minha lembrança; um dia me deu vontade de ir ver aquele local outra vez. 

Mas onde? Para que lado? Em que bairro ou fazenda, onde? 

Não sei! Nunca mais lembrei aonde e como eu cheguei naquele local; porque certamente não deve ter sido aqui na terra. 

Mas, os anos se passaram e em 26 de Fevereiro de 1978, eu comecei a estudar a CULTURA RACIONAL; no mês seguinte eu fui ao Retiro Racional buscar livros e conhecer o senhor MANOEL o autor material daquela obra tão importante! 

Quando eu fui apresentado a ele, senti uma sensação: mas é esse que escreve esses livros de tamanha importância? 

Esse eu já conheço! Mas, de onde? 

E eu percebia que ele me olhava e eu olhava para ele, eu tentando lembrar onde eu o conhecia e ele falando que eu tinha de vender o livro na minha loja. 

Assim, conversamos com ele por algum tempo, depois descemos para o alojamento. 
Descansamos um pouco da viagem e mais tarde fomos almoçar. 

Ao passar em frente à butique onde se vende os livros, eu vi na vitrine, uma foto de senhor MANOEL, com um pano amarrado na testa, a quem hoje nós chamamos carinhosamente de Senhor Rei de Angola. 

Foi então que me lembrei de onde eu conhecia o senhor MANOEL JACINTHO COELHO. 

O senhor Manoel, era aquele homem que há 16 anos atrás, havia me enfiado o charuto no nariz, naquele prédio estranho. 

E o mais interessante, que na época que conheci o Retiro Racional, não existiam o Centro Científico e nem o Hotel (que hoje lá existem); 

Só alguns anos mais tarde, é que foi construído o Centro Científico e depois o Hotel. 

E só depois que o Hotel ficou pronto, é que acabava de desvendar o enigma: 

o Hotel era o prédio, onde aquele homem de pano branco na cabeça, o Senhor MANOEL, havia enfiado o charuto no meu nariz. 

A única diferença, é que o Hotel é na superfície, não tem rampa para descer. 

Logicamente, demorou algum tempo para eu perceber, o porquê teria acontecido tudo isso, muitos anos antes de eu conhecer a CULTURA RACIONAL. 

Mas, diante de tanta facilidade de forjar, comprar relatos, nos movimentos filosóficos e sociais da Cultura artificial, a CULTURA RACIONAL, tinha que trazer provas diferentes e inquestionáveis! Para os que, como eu, venha colocar em dúvidas, a sua credibilidade. 

Porque ela é para todos os seres humanos! 

De todos os segmentos sociais: sejam eles científicos, filosóficos, ou religiosos, ela amplia o leque do saber; é a seqüência Cultural da humanidade. 

Também porque, o RACIONAL SUPERIOR conhece qual a prova, que cada um precisa para confiar e dar prosseguimento na leitura. 

Não é privilégio meu e nem de ninguém; todos que iniciarem a leitura do livro UNIVERSO EM DESENCANTO e precisarem têm provas. 





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