segunda-feira, 27 de junho de 2016

RELATO 16 - FATO NA CONSTRUÇÃO DO MONUMENTO RACIONAL


Estávamos na construção do Monumento Racional. 

Uma grande obra que o Mestre MJC supervisionava pessoalmente com suas ordens que iam além dos conhecimentos arquitetônicos convencionais, pois fazia marcações de medidas perfeitas com os pés, distribuía o serviço de acordo com as condições físicas de cada um, mandava rebocar as paredes assim que elas eram erguidas, o reboco ainda fresco mandava dar a caiação pintura com cal, e o mais inédito e um tanto perigoso para as convenções técnicas de obras: naquele monumento o concreto não tinha tempo de secagem convencional, tudo era feito com as ordens pessoais do Mestre.


Um grande monumento, simples aos olhos humanos, grande, belo e majestoso, como um rei que se destacava em um verde que pintava os pés de um antigo vulcão.


Um número incalculável de colaboradores terrenos que se misturava com o brilho dos donos do lugar que tinha pressa em sua construção.


Eu estava dentro do monumento, na frente, quando as colunas em forma de arco, três belas e grandes colunas tinham sido terminadas naquele momento, quando o último balde tinha sido derramado dentro de suas formas, uma outra equipe já estava levantando uma enorme parede por cima, uma outra equipe já rebocando e uma outra ia caiando.

O tempo parecia que tinha parado, de maneira muito rápida, aquela parede enorme estava erguida com suas escoras, formas de madeira que se misturavam com os colaboradores, como um formigueiro muito bem orquestrado.


O Mestre chegou bem embaixo da parede por dentro, eu estava próximo ao encarregado da obra que era muito fiel as ordens do Mestre, só que aquela ordem ele demorou a cumprir. 


“_Retire todas as madeiras e formas eu quero ver isso aqui limpo, retire agora”


O encarregado o chamava de pai.


“_Meu Pai, se eu retirar as madeiras, tudo isso aqui cai, a parede é muito grande e o concreto foi colocado hoje, acabamos ainda agora.


O Mestre: “_Retire as madeiras, eu estou mandando”


Encarregado: “_Meu Pai não posso fazer isso, vai cair tudo, é muito perigoso” 


Mais uma vez a atmosfera do lugar parou, um silêncio total, ouvíamos a respiração um do outro, olhares atentos, mente de todos fazias, esperando algum acontecimento.


O Mestre, com tom alto na voz: 


“_Ô Rapaz, quem ta mandando sou eu, eu digo que não vai cair, eu garanto, eu estou mandando e estou garantindo e você obedeça.” 


O Encarregado que era muito obediente, naquele dia deve ter duvidado mentalmente de tudo que havia aprendido, quase chorando e com voz baixa, nos disse para retirar as madeiras.


Em poucos segundos todo madeiramento estava abaixo e o Mestre ficou bem embaixo da parede juntamente com todos nós. 


Aquela grande parede parecia que estava viva, assim que as madeiras foram retiradas, ela balançou, o seu primeiro balanço foi para dentro do Monumento a onde o Mestre e a maioria de nós estava. 

Balançou para dentro e para fora aos olhares atentos, e parou um pouco fora de prumo, mas não teve o atrevimento de cair. 


Está lá até hoje para quem quiser observar, firme como uma rocha e um pouco desaprumada, visível a olhos nus como uma marca para nunca esquecermos deste acontecimento inédito. 


Salve á todos!!


Relato do colaborador e estudante UBIRAJARA PISAO.







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